Reflexão sobre a terminologia “Língua e linguagem” no Programa de Comunicação com bebés: Baby Signs®

Com o aumento da visibilidade deste programa no nosso país, os profissionais, familiares, instrutoras e toda a comunidade em contacto com a LGP (língua gestual portuguesa), contribuíram para a revisão da terminologia usada até agora pelo Baby Signs Portugal.

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O Programa está a crescer e está a ser continuamente revisto e melhorado, para servirmos cada vez mais e melhor as famílias e profissionais portugueses. E os nossos clientes são os melhores a nos darem o seu feedback.

 

Em conversa com uma das nossas Instrutoras Certificadas, Ana Campos (conhece aqui o seu trabalho), também Terapeuta da fala, houve mais uma oportunidade de refletir em conjunto, sobre qual a terminologia mais indicada em português para o Programa Baby Signs®.

 

Já há muito que se diz que a língua portuguesa é traiçoeira… a tradução de “baby sign language” para português teria duas hipóteses: língua ou linguagem gestual para bebés. Sabemos que a língua materna de surdos é a língua gestual do país da sua família e que a expressão “linguagem gestual” tornou-se assim desadequada para indicar o que, de facto, é uma língua.

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Assim sendo, a opção até agora tinha sido a de usar a expressão “linguagem”, para nos referirmos a este programa de gestos feito exclusivamente para bebés ouvintes, usando os mesmos gestos do programa original americano, o mesmo programa usado em vários pontos do mundo.

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A questão que nos tem chegado desde a saída da entrevista para a Revista Sábado (edição de 11 de Outubro 2018), cujo título foi “Linguagem Gestual para Bebés”, prendeu-se precisamente com a expressão “linguagem”, como sendo algo que caiu em desuso.

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Vou primeiro aprofundar um pouco a informação acerca da origem dos gestos do Programa Baby Signs®, este que é o programa pioneiro em gestos para bebés ouvintes. Surge nos EUA, nos anos 80 pelas fundadoras Linda Acredolo e Susan Goodwyn.

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Uma vez que são americanas, inicialmente adaptaram alguns gestos da LGA (língua gestual americana) para serem mais fáceis para as mãos pequenas reproduzirem e juntaram alguns gestos criados por bebés. Mais tarde, com o envolvimento e entusiasmo das famílias e necessidade de aprenderem cada vez mais vocabulário, em 2002 expandiram de 50  gestos para 100 gestos e depois 150 gestos, sendo que tem na sua base a LGA e 20% serem gestos criados pelos bebés.

 

O Programa Baby Signs® permite que as famílias sejam livres de escolher se querem usar a língua gestual do país tal como é feito, ou adaptar para gestos mais fáceis ou mesmo inventar gestos que possam de facto ser úteis para cada família. Sendo que a metodologia de ensino, o conhecimento das várias etapas de aprendizagem, a ligação que se estabelece entre o adulto e o bebé, e tudo o que se aprende num workshop com uma Instrutora, é o que faz toda a diferença. A metodologia do Programa Baby Signs vai muito além dos gestos, tem na sua base a relação e comunicação com um bebé.

 

A partir de agora, com esta nova revisão, falaremos em “Programa de Comunicação para bebés” e em “Gestos para bebés”, no lugar de “Linguagem gestual para bebés”.

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E agora a grande novidade:

Temos na nossa equipa uma Intérprete em Língua Gestual Portuguesa, que irá colaborar connosco e trazer para o Baby Signs Portugal, o nosso vocabulário “baby signs” para LGP! E sentimo-nos assim mais completos, com mais e melhores respostas para os bebés ouvintes, famílias e profissionais que necessitem e queiram perpetuar os gestos posteriormente ao surgimento das palavras e quem sabe, seguir caminho para a aprendizagem da LGP!

Atenção! Não iremos de todo substituir o trabalho que se faz em LGP, até porque não somos professores desta língua. Apenas vamos usar o vocabulário do nosso Programa e adaptá-lo para LGP (sem a complexidade que a língua requer). Para aprender a usar a LGP devem dirigir-se a um professor de LGP.

Não podíamos estar mais orgulhosos deste passo.

 

Fica atento às próximas novidades!!

 

 

Um dia feliz,

Sabla D’Oliveira

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